Prezada Dra. Maia,
Fazem muitos anos que acompanho esta injustiça que ocorre junto ao pessoal do AERUS/VARIG.
Já me cansei e não posso esperar que algumas das pessoas mais
importantes na minha vida, terminem como outros, que acabaram sem ver o
fruto do seu suor retornar a sua conta bancária e lhes proporcionar um
final de vida mais digno e merecido. Nunca conheci ninguém que
trabalhou, estudou, fez sacrifícios e foi mais honesto do que meu pai,
um dos “ignorados” do caso AERUS, um dos que o governo espera ver morto
logo, como outros, para não “incomodar”mais. Confesso entretanto, que
tenho vontade de chorar quando leio o seu “blog” muitas vezes. Outros
tantos, que viveram da mesma maneira, trabalhando incansavelmente,
confiando que seu dinheirinho estava sendo bem administrado e que
estaria lá, para uma velhice com a dignidade de quem a merece. Tenho
vontade de chorar quando vejo o rosto incansável do senhor Zoroastro,
que anda por todos os lados, como pode, para tentar trazer justiça a
estes desesperados do AERUS. Uma pessoa já idosa, que sei trabalhou como
o meu pai e outros da minha família, que eram da Varig, e que deveria
agora estar usando seus últimos dias em descanso tranquilo, aproveitando
um pouco de sossego e dignidade nos dias que lhe restam!
Estou muito cansada de ver o sofrimento da minha família, a minha
própria e a família VARIG de gente idosa que não tem mais como trabalhar
, que deu tudo o que tinha pelo e no seu trabalho e que necessita que
se faça algo por ela agora. Na última manifestação que houve no Rio,
este velho querido meu, e outros que até eu conheci, já velhinhos
também, como também meus irmãos e minha mãe, todos lá estavam, batendo
panelas, tentando chamar a atenção. Muito bom teria sido, se como foi
alertado a um dos “velhinhos”, a coisa toda tivesse aparecido na famosa
Globo, como um jornalista havia anunciado. Não aconteceu, nem vai
acontecer. Me parece que uma interessante democracia acontece no Brasil
de hoje em dia, uma que “censura” o que deve ser visto na TV.
Ao contrário de muitos, não sou pela violência; a do tipo guerrilheira,
de arma na mão. Arriscar a matar pelos meus princípios nunca foi
comigo. Acredito no entanto no poder da palavra e da “free mídia”.
Estamos vivendo um período excelente onde é possível trazer, ou tentar
trazer, ao conhecimento do mundo as barbaridades cometidas contra
indivíduos ou grupos. Ninguém no mundão por aí daria muita atenção a um
vídeo no YOUTUBE sobre o caso AERUS em português, um idioma belíssimo,
mas ainda não muito usado pela maioria da população mundial. Minha
intenção Dra. Maia, é colocar no YOUTUBE e talvez em outros sistemas de
vídeos, o resumo do que está se passando com estes idosos do AERUS.
No momento me encontro no processo de encontrar a pessoa certa para
criar um vídeo, que teria maneiras de causar o que se chama em inglês de
“go viral”, ou seja, que tenha todas as condições de chamar grande
atenção do maior número de pessoas possível. Meu irmão, que também como a
senhora é advogado, me há enviado todo o último processo do caso AERUS
para que eu traduza partes dele que devem ser citadas no meu vídeo. É
referente ao não cumprimento das leis máximas do nosso país, ignorada
pelas nossa próprias autoridades políticas. Não é o que aconteceu, em
resumo? Por favor me corrija se estou incorreta.
Cara Dra. Maia, as vezes a gente acha que não pode ficar de mãos
cruzadas sem tentar fazer algo que achamos que pode trazer algum tipo de
justiça a pessoas que nem sempre tem como se ajudar. Principalmente
quando se está extremamente relacionada com estes indivíduos por toda
uma vida. É uma questão de consciência, a mesma que está faltando a
nossos dirigentes e a mesma que eu aprendi a ter com a minha família,
gente batalhadora do sul do país, imigrantes, filhos e netos de
imigrantes, do tipo que não batalhava com armas, como já lhe contei, mas
com labor, estudo e muito sacrifício. Gente como a senhora e o seu
merecidamente admirado pai.
Hoje em dia eu sou também Americana, e é daqui desta terra que vou procurar “botar a boca no trombone” e esperar que algo positivo para esta gente venha a acontecer. O meu único objetivo é este.
Nem
que seja a última coisa que eu faça decente na vida, esta será ela. Por
favor eu lhe peço aqui pela sua opinião em relação a alguma coisa que a
senhora acharia importante “citar” ou não “citar” no meu vídeo, e o
porquê.
Meu querido “velhinho” e outros dos meus parentes e amigos que “choram” por algo que pertence a eles e que lhes foi roubado, podem nunca vir a ver o dia em que se faça justiça,
mas eu gostaria muito de passar adiante, ao resto do mundo, esta
vergonha pessoal, e porque não dizer, nacional. Se Deus estiver do meu
lado, eu creio que vou conseguir. Por favor sinta-se livre de postar esta nota no seu “blog”, de acordo com sua descrição.
Agradeço
desde já sua atenção Dra. Maia e desejo muito que seu incansável
trabalho e o de seu pai, venha a produzir bons frutos. Só não posso
dizer aqui que “a esperança é a última que morre” neste caso, porque
como sabemos, muitos entre “eles” já se foram.
Sinceramente e já agradecida pela sua resposta, meus melhores votos de sucesso e felicidades.
Cristiana.
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